BEM-VINDOS

Obrigado pela sua chegada; não se esqueça que é de AMOR AGAPIANO* que essencialmento poeto, também erótico quando a propósito de algumas circunstâncias episódicas nas mais diversas proporções. Como estou avança(n)do no tempo, não se escandalize, porque o que é preciso erradicar do Mundo é o preconceito secular, topo onde está preponderantemente a regressão da Humanidade neste percurso da condição humana, nem sempre adequada ao futurecer* do Homem, albergado corporalmente neste Planeta, sem saber com precisão, na generalidade, onde está a sua/nossa Alma. [ Obs. os astericos* assinalam dois neologismos da nossa Língua ].

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terça-feira, 25 de novembro de 2008

Apresentação


Houve uma respeitável e conhecida Poetisa brasileira, Célia Lamounier de Araújo, que há algum tempo me perguntou: "Mas, mais um heterónimo, queres ser outro Fernando Pessoa?"

Não, não quero, definitivamente não, nem por sombras. Fernando Pessoa é quem é, e isso só lhe fica bem! Sou apenas seu discípulo. Seu fiel, atento, estudioso, investigador. Mas sou também discípulo de muitos mestres: Pessoa, Régio, Torga, Eugénio, Camões, Junqueiro, Garrett, Drummond, Vinícius, Neruda, Tagore, Rimbaud, Baudelaire, Char, Horácio... e alguns mais... Todos estas leituras dos génios artísticos são o meu material de trabalho; neles busco a inspiração, aprecio a Arte que escoou dos seus dedos mágicos, aguço o engenho, e afiro-me por eles, julgando que nunca os alcanço. No caso referente aos heterónimos de Fernando Pessoa : Alberto Caeiro, Álvaro Campos, Ricardo Reis e outros mais, ele criou-os por necessidade de multiplicação de egos, surpreendidos no seu ego fervilhante, alucinado às vezes - características próprias da genialidade; tratavam-se de egos que fervilhavam no mundo da sua arte, personagens dum romance que sempre recusou a operar ou nem sequer pôs a hipótese de concretizar. Segundo a moderna psicanálise, estamos imbuídos no nosso ego, pela formação psíquica do outro (alter) e de o outro ainda - o super (id). Somos três egos num só, confundindo-nos por vezes em diálogos surpreendentes.

Fernando Pessoa criou personagens novas, encarnou-as, e pô-las em acção pelo verbo libertador e criador. Não há dúvida que foi um golpe de génio, o do Poeta, hoje entendido e imposto voluntariamente no mundo da Arte e da Crítica universais. Deve ser hodiernamente, no planeta, o Poeta mais admirado pelos estudiosos da Poesia-Arte.

O insuspeito, porque genial também, Miguel Torga haveria de definir Pessoa (parecendo rendição), como o Poeta da Poesia. Nada mais se pode pedir a alguém, igual ou parecido com Torga uma sumarização tão excelsa, para que a celebridade de um Poeta fique imorredouro deste modo sem tempo determinado, porque infindo!

O trajecto dos meus dois altérnimos: Daniel Cristal e Eugénio de São Vicente radicam-se num percurso diferente. O Armando, que é, de certo modo, o ortónimo e nome de baptismo, aos 23 anos criou um pseudónimo compulsivo para a Poesia: o Daniel. Já antes deste novo ego, o Armando publicara um livro aos vinte anos de idade no Porto (Portugal), tinha sido antologiado em Angola pela Editora Imbondeiro, e também sido declamado na Rádio (por Igrejas Caeiro) em Portugal e por Philipe Gobert em França; além disso, tinha colaborado em muitos jornais, revistas, almanaques, páginas literárias, quando este nome, de repente, chegou, anunciado por energias íntimas misteriosas, contudo poderosas e irresistíveis; havia qualquer objectivo mal definido no intuito de sublimação pessoal, convergindo no sentido de substituir o nome não escolhido à nascença pelo seu imediato e futuro portador. É um processo tão normal como foi o de Elmano Sadino, Torga, Régio, etc.. O Eugénio, esse não, aparece depois de um processo de maturação consciente, e é recolhido no peito como uma espécie de extensão ponderada do Daniel na aparência forte de cristalizar mais dia menos dia. É um género particular e específico de nova sublimação do altérnimo Daniel, crisma final retardado de redenção estética. Ao ver o seu horizonte reduzido pela cristalização do Cristal, surge o Eugénio já aperreado com a ferramenta que aquele deixou disponível para avançar pelo outro mundo, agora místico, eclético, alquímico, esotérico. O holomundo de sinais outros, definidos na hora com mais nitidez! É qualquer coisa como isto: esgotado o universo duma aprendizagem sofrida, abre-se uma outra galáxia, que já estava esboçada nos avanços e recuos nessa área artística pelo Daniel, e nesta amplidão vertente é instalado o Eugénio que vai retomar o facho olímpico aceso para esgotar (?), esse outro macrocosmos pouco explorado: o da Poesia Mágico-Mística.

Muito particularmente, e só cá entre nós, confesso: se o Eugénio atingir nesta expansão, onde quer exceder e sublimar-se morficamente, por si só, no poder da sua verve em construção, ainda mais do que (e não lhe queiramos mal por isso!) o Daniel conseguiu operar, é um bom sinal de superação. Perdoem, desta arte, a presunção. Todavia, é deste modo que creio; chamem-me o que quiserem, não importa, porém!... É legítimo ambicionar a consecução dos ideais mais puros e sãos da Humanidade. Mas, sinceramente, creio também, que o Daniel lhe deixou a porta aberta, e, francamente também, penso que ele esmerou-se ao máximo para que o tapete fosse da mais pura lã, a vestimenta tecida pela pura seda da Etiópia (essa mesma dum Prestes-João imaginário), os adornos do ambiente mais florido, e a mesa estivesse pronta e recheada com as melhores iguarias desta Terra... e com os seus melhores vinhos (das encostas do Douro e dos vinhedos da Bairrada !, perdoem os alentejanos, os minhotos, os beirões das terras altas e os algarvios - regiões, onde o vinho é também óptimo e nunca inferior!). E porquê este monólogo? Só para explicar essa confusão que está nascendo na cabeça das pessoas inteligentes que se interrogam acerca destas alterações e mudanças psíquicas! Porquê e para quê mais um altérnimo? São necessidades, compulsões, investimentos anímicos de épocas próprias dum percurso inacabado. E aqui chegado, mais segredo que esta explicação e abertura retrocitadas, mereceriam uma exegese, onde fosse equacionada a metamorfose do epicurista que ascende com a tecitura poética ao estoicismo. Contudo, deixo essa possibilidade que domino mal, aos especialistas da área psicanalítica e ensaística.

Para finalizar, direi apenas: tento alcançar um objectivo - revelar novidades dum universo inexplorado. É quase um empreendimento do sentir português pelos tempos seculares - revelar novos mundos, achar e ultrapassar novos limites... Como é difícil, esta tarefa espinhosa! Porém, se não a alcançar, não será certamente por ter havido um esforço que se traduziu num «modus faciendi» operado de tentativa após tentativa. Só o leitor me poderá ajudar, dizendo se estou longe ou perto do objectivo neste denodado trabalho estético, vertido em Poesia amestrada; é esta a tarefa a que me propus sem desfalecimento em tempo algum; e se o leitor, ademais, me for acompanhando, como me dá diariamente provas disso nas contínuas divulgações pelo mundo cibernáutico do que edito, concedendo ainda ao Poeta, prémios públicos honrosos, sentir-me-ei, como me sinto compensado e reconhecido; todavia, continuo a fazer o mesmo apelo que tenho sempre feito para me considerar realizado - preciso de críticas à minha poesia com mais regularidade, esta é a maior ajuda que me podem fazer! Para eu me ir fazendo no fazer contínuo...

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