Vamos ao escorregão
Que existe junto à praia
Levo o Lourenço pla mão
Pra que na via não caia
Dois anos é muito pouco
No neto que é menino
O avô seria louco
Se o deixasse sozinho
O escorregão está no barco
É uma pista inclinada
A proa feita num arco
A torre-vigia sem nada
De buraco em buraco
Descobre o Lourenço o barco
O mastro é igual a um taco
A vela um lenço parco
A proa é igual à ré
A chaminé não tem fumo
Tem cata-vento na fé
De encontrar melhor rumo
Escorrega no navio
Agita toda a alegria
Não há mar nem mesmo rio
Há vento sem ventania
Vai e vem - sobe e desce
Repete cem vezes a ida
Na queda eu sei que cresce
Também cresce na subida
Atroa no vozeirão
Quando grita pelo mar
Vai e vem no escorregão
Duma alegria sem par
E eu fico a observá-lo
Já fui menino assim
Já vivi nesse abalo
Nessa alegria sem fim
Enquanto sobe prá luta
No escorregão desta vida
O avô degusta a fruta
Da geração já vivida.
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