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Obrigado pela sua chegada; não se esqueça que é de AMOR AGAPIANO* que essencialmento poeto, também erótico quando a propósito de algumas circunstâncias episódicas nas mais diversas proporções. Como estou avança(n)do no tempo, não se escandalize, porque o que é preciso erradicar do Mundo é o preconceito secular, topo onde está preponderantemente a regressão da Humanidade neste percurso da condição humana, nem sempre adequada ao futurecer* do Homem, albergado corporalmente neste Planeta, sem saber com precisão, na generalidade, onde está a sua/nossa Alma. [ Obs. os astericos* assinalam dois neologismos da nossa Língua ].

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sexta-feira, 29 de maio de 2009

Amizade / Inimizade / Falsa-amizade - Daniel Cristal


Depois de algum tempo de meditação, cheguei à conclusão que o inimigo não existe. É um subproduto criado pelo espírito conservador. Por uma ideia de afirmação de valores que não aceitam a novidade que se transmite. A forma para existir apenas se concretiza se se verter num conteúdo. Ou ter um molde que a contenha. E por isso digo: o inimigo é uma ideia que só se despoleta por oposição, mas sem oposição não existe. Não enfrentando a inimizade, ela passa despercebida. Vive num submundo, é subterrânea, marginal, coabita mal no seu mundo fantasmagórico. 
O antídoto para esta suposta eventualidade, é passar ao lado, viver e rodear-se com e de amigos. E se houver perseguição, por mais insistente que seja, o mundo é largo, e passamos adiante. É a actuação que fazemos perante um diabo inexistente no nosso supermundo. Ele não existe para nós porque não coabitamos com ele, nem lhe reconhecemos identidade. 
A inimizade não precisa de comemoração, ela é uma ideia falsa. Existe sim o desacordo, a diferença. A inimizade só se imagina te quando a aceitamos como real. Porque ela é um mal desnecessário, e perde todo o seu poder pela hipocrisia sobretudo conservadora desvelada. Ninguém aceita a mentira, a jactância, a má-formação. E os que dela fazem o convívio diário, maldosamente, não são aceites no mundo saudável e artístico, e por isso ela é inócua. Não vale a pena perder tempo a opor-se ao que é dificilmente aceitável. 

Há os que cultivam a inveja, o rancor, o jogo vão do que é fútil, mas é um mundo onde não vivemos, por isso esse micro-universo para nós, não existe. É deles. Joga a seu desfavor. Vejam com que sabedoria o homem cria o dia do Amigo, e despreza o dia do inimigo. A sabedoria exclui do universo a inimizade. Eis a melhor prova para colocá-la nas velharias entre as relíquias da memória. 

Afinal como muitos de vós, os mais avisados, concluí que não tenho inimigos. Nem que eles teimem em ser o que para não são para mim. 
Um inimigo só é, se deixar que ele seja. E não nos dispomos a aceitá-lo como tal. Ele vive num vasto universo, desejoso para ser notado, porém, assim vivendo, em estado de desejo, não conseguirá brotar diante da minha recusa, e irá certamente melhorar de igual forma como sempre tentamos, todos os dias, aprendendo mais um chisquinho. Ele ira imitar esta frequência absorvente e não estará interessado em ser um inimigo que nunca foi, não é, nem será. 
Ele quer ser inimigo, mas não é, porque não deixamos que seja. Inimigos eram os persecutores de ideais novos. Eram os depredadores dos valores da novidade, da liberdade, da responsabilidade e do respeito pelos outros. Eram os inquisidores que perseguiam e matavam ideias e assassinavam pessoas. Hoje não há por cá dessa espécie abominável. Não existem. O mundo tende a ser outro, diferente. 

Quando ele quer ser inimigo, não deixamos que ele seja. E ele apaga-se. Não consentimos que se imiscua, que meta bedelho, na nossa vida. Que incomode, que interpele, que persiga. Trocamos-lhe as voltas, desaparecemos, e ele desaparece também. 
Recolhemos sempre ao convívio da Amizade, os amigos que granjeamos na viagem da existência pessoal, ela é o suporte, a garantia de que a inimizade é uma aparência propensa da fraqueza, da futilidade, insignificante, inexistente por consequência, ela não tem razão de ser, até porque e principalmente não deixamos que seja. Ela é-nos indiferente, o mundo que nos une é o da amizade, da paz e do amor. Não é um mundo de perseguições, vaidades desmesuradas, orgulhos desproporcionados e de estultices frívolas. 
Os Amigos são pessoas importantes para todos nós, procuram ser a nata da Humanidade. Sabem que se destinam à vanguarda do que fica para ser exemplar e imitado. Os Amigos são extraordinários, porque não vivem da fofoquice, da bisbilhotice, do mau-olhado, da crítica verrinosa, destrutiva, frívola. Eles nem sabem o que é um esgar de inveja nem de cobiça. Não exercem o gesto obsceno como esse de excluir uma pessoa importante ou extraordinária do nosso convívio, ou uma pessoa que se preza do seu saber exemplar e por ele é admirado. 

A inimizade é um subproduto forjado duma cultura que denota enfermidades várias. Mas não existe realmente. Só existiria se consentíssemos que existisse. Na realidade é um mundo subliminar que vai perdendo o sentido de ser aquilo que desejaria ser, mas não é. Nem se lhe concede o estatuto da sua existência. 
Outros concluirão como nós. A existência de inimigos é uma miragem, nefasta diga-se em abono da verdade. Na realidade não existem. São subprodutos fabricados na nossa mente que ainda não viu nem experimentou tudo. Eles seriam o que autorizamos que fossem, e por consequência não são veridicamente. Eles procuram viver dum sofisma tradicional que não tem mais razão de ser, e insinuam-se para se afirmarem pela diferença. E só mantêm uma diminuta e virtual estatura possível, porque os deixamos considerarem-se como tal. 

Outros concluirão certamente como nós, depois de alguma maturação. Só existe aquilo em que acreditamos. E nós deixamos de acreditar no que nos pode acarretar a bruma da maldade. A crença na existência de inimigos, é uma miragem nefasta. Na verdade, não existem. Apenas parecem ser para se afirmarem contra, e se consentirmos que se considerem como tal. Mas desconsideramo-los. 
E repetimos: os inimigos não existem, são um subproduto potencial irreal, virtual, inventado pela sua afirmação. Pela necessidade de se tornarem visíveis e afirmativos pela diferença que não lhes outorgamos. Logo, não existem. 

Eles parecem ser desse modo, por não lhes concedermos o valor que requerem sem validade. Só nós o podemos validar. E recusamos a sua validade. Deixamos inelutavelmente que se enganem, pois um dia chegarão à conclusão, idem aspas, que se enganaram, e têm de mudar o seu comportamento e o seu estatuto, nunca aceite. 

Interiorizado este preceito: os inimigos extinguem-se. Serão hipotéticas almas danadas, atormentando quem acredita em recantos de mar de expiação de culpas, de pecados e perseguições fantasistas. Definitivamente, não acreditamos neles. Seria acreditar em fantasmas que racionalmente não existem. Com efeito, eles vestem-se de roupas brancas ou pretas, escondem-se nelas, deixam dois buracos para que só se lhes veja dois olhos, mas quando despidos são inofensivos, envergonhados, não nos fazem mossa nenhuma. 

O inimigo não existe, tire isso da cabeça, ele navega num espaço irreal, porque o anulamos. 

Sabes quem te deixará morrer num naufrágio? Não é o teu inimigo, porque sabes que não existe e assim te conduzes, e consideras a sua existência noutro micromundo inventado, o de fantasias que não fazem mal a ninguém porque são previsíveis na sua irrealidade, e também te afastaste dos potenciais sucedâneos. Quem te deixará naufragar? Pode ser, isso sim, o teu falso amigo. Com esse deves precaver-te, porque é o mais perigoso. Esse ajudará a afogar-te mesmo no momento em que menos esperas e mais precisas duma mão adjuvante. 
O falso-amigo é mais perigoso porque é falso, não é verdadeiro, e não é um amigo de igual modo, e por consequência nem é falso nem é amigo: é um ser que deixa de o ser, se com igual arte o anularmos pelo mesmo processo de separação e rejeição. Anular um falso amigo é fácil, basta algum pouquinho de tempo de espera até ele se revelar. Ele revela-se numa ou noutra palavra que se lhe escapa inadvertidamente, à socapa. Por um gesto que notamos ser forjado; por uma das suas palavrinhas forçadas, aquela que se lhe sai da boca traidora, e que não corresponde ao seu pensamento, nem à sua postura. É um estado de parecença que se descortina, se estivermos atentos. O falso-amigo revela-se nos mínimos pormenores para quem se habituou a estudá-los, a observá-los com acuidade. Com efeito e em suma, eles são bastante fáceis de identificar e uma vez identificados deixam de existir, porque os anulamos, procedendo, nós no momento próprio, como procedemos com os inimigos. Não percorremos com eles o mesmo trajecto. O nosso percurso é o do convívio com os Amigos. Com os bons-Companheiros. Aqueles de quem nos orgulhamos. Os que nos prestigiam e nós prestigiamos porque têm valor. São o escol da Alegria pura, da solidariedade original. Esses mesmos que todos vocês estão a imaginar: os que se diferenciam por um estatuto inefavelmente positivo, e são tão reais, tão próximos que até pelo odor exalado por eles, os reconhecemos. Por eles antevemos um Futuro feliz. Somos na sua companhia felizes, e seremos continuamente. 

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