BEM-VINDOS

Obrigado pela sua chegada; não se esqueça que é de AMOR AGAPIANO* que essencialmento poeto, também erótico quando a propósito de algumas circunstâncias episódicas nas mais diversas proporções. Como estou avança(n)do no tempo, não se escandalize, porque o que é preciso erradicar do Mundo é o preconceito secular, topo onde está preponderantemente a regressão da Humanidade neste percurso da condição humana, nem sempre adequada ao futurecer* do Homem, albergado corporalmente neste Planeta, sem saber com precisão, na generalidade, onde está a sua/nossa Alma. [ Obs. os astericos* assinalam dois neologismos da nossa Língua ].

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sábado, 16 de maio de 2009

Variações Romanceiras - Daniel Cristal

 
Não vejo esse sonho lindo
aquele que me animava
mas ouço o agoiro findo
da gente que já foi brava
 
Já desbravou outro mundo
já deu umas voltas à Terra
achou no inferno outro fundo
e no paraíso outra guerra
 
Venceu e perdeu no fim
por incrível que pareça
ai que sou triste de  mim
por pouco que o mereça
 
Espero que o trigo nasça
no quintal destas aldeias
um bom trigal que nos faça
o sangue correr nas veias
 
Porque morrer de desgosto
e nunca ir mais além
é vinho de pouco mosto
e pouco gosto também
 
Ide ide minha gente
dar volta ao que o Mundo tem
aqui já não há presente
sabe bem ir mais além
 
Vede os peixes conviver
na humildade do ser
não há quebrar nem torcer
não há ganas a doer:
 
As ganas dessa ganância
a esperteza pacóvia
a patologia da ânsia
escurece a nossa História
 
Não é o rei morto em África
nas areias do deserto
não é erro de gramática
    que mudou o termo certo
 
É a vinda doutro filho
no dia mais desejado
mais uma espiga de milho
exposta no nosso eirado
 
Nem é D. Sebastião
nem um milagre de Fátima
nem mesmo o fado-canção
jogo perdido com lágrima
 
Ide guerreiros sem lança
navegadores d' harmonia
trazei de lá abastança
prà vida com alegria
 
Ide hoje com insistência
ao fundo de cada margem
até ao fim da demência
e ganhai então coragem
 
Coragem de abrir a porta
à postura mais sublime
Por cada prática morta
há outra que nos redime
 
Alvíssaras ofereço
ao gajeiro da Poesia
mereça ele o qu' eu mereço
o fruto do melhor dia
 
Mas qu' espreite o continente
outra praia ou outro rio
onde haja gente que sente
o engano servido a frio
 
'Já vejo' diz o gajeiro
do alto da sua gávea
'vejo lá tanto dinheiro
quanto o dum mestre com lábia'
 
'Não é o dinheiro que busco
nem tão pouco esse teu mestre
não vivo no lusco-fusco
nem vou morrer dessa peste'
 
Na semente semeada
a esperança começa
e na filha esperada
há um desgosto que cessa
 
Essa é que essa na peça
do verso que aporta à Índia
este horizonte não cessa
de ter mais azul ainda
 
'Que vês ó gajeiro agora?'
'vejo um celeiro de trigo
a repartir nesta hora
e não me vou já embora'
 
'Assim sim falas certeiro
carteiro desta Nação
entrega ao mundo inteiro
a parte igual deste pão'
 
Não foi o gajeiro o demónio
qu' estoirou noutra história
foi um humilde campónio
deixando luz na memória
 
E em vez da estória trocada
do famoso 'Romanceiro'
houve praia bem achada
pelo suposto gajeiro.

1 comentário:

EDUARDO POISL disse...

Pensamos demasiadamente
Sentimos muito pouco
Necessitamos mais de humildade
Que de máquinas.
Mais de bondade e ternura
Que de inteligência.
Sem isso,
A vida se tornará violenta e
Tudo se perderá.

(Charles Chaplin)

Hoje passando para desejar um final de semana com muito amor e carinho.
Abraços do amigo Eduardo Poisl.