BEM-VINDOS

Obrigado pela sua chegada; não se esqueça que é de AMOR AGAPIANO* que essencialmento poeto, também erótico quando a propósito de algumas circunstâncias episódicas nas mais diversas proporções. Como estou avança(n)do no tempo, não se escandalize, porque o que é preciso erradicar do Mundo é o preconceito secular, topo onde está preponderantemente a regressão da Humanidade neste percurso da condição humana, nem sempre adequada ao futurecer* do Homem, albergado corporalmente neste Planeta, sem saber com precisão, na generalidade, onde está a sua/nossa Alma. [ Obs. os astericos* assinalam dois neologismos da nossa Língua ].

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terça-feira, 30 de junho de 2009

Uma Cidade - Daniel Cristal

 
Ser poeta não tem corpo, é uma aura,
um estado de alma ou coisa etérea...
Refaz o que é léria em coisa séria
e suplica a quem carece de aula
 
uma aula sendo uma advertência,
sem princípio nem fim, contendo meio,
no meio do mundo, luz do seio
ou veio que alargue a luz com a valência
 
e é preciso despir muita roupagem,
navegar muito dentro o mundo todo,
renunciar ao pueril e fazer bodo
 
na realidade buscar uma outra imagem
que deixe nessa aula uma cidade,
um estado de alma ou uma aura.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Grito variações - Daniel Cristal

 
Quando aflito, alvitro um delito, e grito,
e grito porque há um atrito contradito,
e, quando desdito também requisito
um novo mito num dito subscrito.
 
Um grito é como um chuto no escuro,
é mandar um puto encobrir-se num muro,
e rir-se do cu duro, ui, vai ficar com mais um furo!
Já nada auguro nem te juro que te curo...
 
Só grito quando curo um fito impuro
ou um esquisito apuro onde entrou Epicuro,
e, por isso, edito o que auguro no requisito;
 
O grito é como um enxurro dum pito com furo
ou do manguito que perfuro com a dor do inaudito,
porque pito não aturo, ainda que seja bonito.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Feliz Encontro - Daniel Cristal


O voo da pomba imita o teu gesto lindo
E o teu olhar só o vejo na ternura !
O Sol nasce no teu sorriso infindo
e caldeia a atracção que nos sutura.

Renasceram, pois, os componentes
Para que o amor fosse possível,
metamorfoseando em um, dois entes
que se amarão para sempre ao mesmo nível...

Do amor ao desejo e ao querer
é um passo voluntário e sem reservas.
É a confusão de se ter num outro ser,
Uma monda que reduz daninhas ervas.

E agora, quando te amo, és tremenda !
No fim ficas divina... a eterna lenda!

domingo, 21 de junho de 2009

Ao Luiz Poeta - Daniel Cristal


O mundo virtual anula o espaço
e nele os sentimentos se propagam
a cem à hora; o tempo é escasso
e até os fogos do ódio se apagam

E é por isso qu' ao ouvir-te meu amigo
digo Viva a Amizade! Ela é espontânea
o brando coração está contigo
recebo-o deste lado e dou-lhe abrigo

Têm razão os estetas do prodígio:
neles os versos soam com a viola
palavras que se comem num rodízio

E é de festa que falo nesta hora
e brindo à empatia em cada dia
brindo ao Luiz Poeta - Aleluia!

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Poetas Imaturos - Daniel Cristal

 
Há pouca diferença entre mim e ti;
pouco sobejo, e só desejo
que vivamos felizes pelo dia
que nos traz a alegria - assim almejo!

É uma diferença de aroma,
que nem pede licença a ninguém,
uma só distinção de cromossoma,
que faz de mim o pai, e de ti a mãe!

Em rodopio cantamos nesta dança,
manifestamos risos com vontade
de fazer alegrar nossa criança...

Porque nisso não há desigualdade,
somos ambos poetas imaturos,
capazes de brincar e sermos puros.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Feliz - Daniel Cristal


Antigamente fui poeta livresco
Escrevia com caneta especial...
Chegou a ser dourada! Sujava dedos
E bolsos do casaco. Liam-me mal!
 
Mas, quando apareceu o computador
Com um écran mágico e altifalantes
Facilmente aderi ao seu esplendor
Por belos desenhos, música e cor!

De passivo a activo renasci,
Converti-me em actual leitor do Mundo,
Transmissor de textos meus, também de ti,
Capaz de ver o Universo num segundo.

Feliz sou por viver quando amanhece,
Toda a Net me conhece e reconhece!

domingo, 14 de junho de 2009

Bom dia em cada ano - Daniel Cristal

 
Pequenos gestos fazem uma vida
um sorriso de boa vizinhança
um afago no velho ou na criança
que o trauma do azar deixa ferida
 
nem que seja o odor duma flor
a alegria do rosto deslumbrado
a palavra elegante que extravasa
a cor do teu olhar e o seu valor
 
São os pequenos gestos que cativam
e mostram o teu âmago humano
e te melhoram de ano para ano
 
São gestos pequenos que te içam
hoje agora e sempre à simbiose
que em mim te deseja nesta pose.
 

sexta-feira, 12 de junho de 2009

6ª variação


Só serei totalmente homem feliz
Homem digno, completo cidadão,
Quando a fome deixar de existir
E deixar de haver má formação...
 
É paradigma da Arte, é sua essência:
Haver pão e este ser suficiente.
Haver fome é enigma do presente
Em contraste com tanta opulência!
 
Haver fome é este o grande enigma
Transformado num louco paradigma!

quinta-feira, 11 de junho de 2009

5ª variação


É dito semiesco, actual:
Não há pão suficiente em muita mesa!
Mau efeito do sentido da presa
E por isso é qu' o mundo corre mal!

É mistério, é, mas se assim é,
Arranjemos algum pó milagroso
Que nos dignifique, que seja engenhoso,
Ou seja qualquer milagre pela fé!
 
Haver fome é este o grande enigma
Transformado num louco paradigma!

quarta-feira, 10 de junho de 2009

4ª variação


Esbanja outros contos onde abundo,
Por exemplo a crónica d' haver fome
Em toda a parte, só porque não se come!
Mas qu' engano na essência deste mundo!
 
E não paro, ó minha geneadeusa,
de apontar na mesma direcção:
a nossa e a sua perpetuação
que mata, esfarrapa e nos endeusa!

Haver fome é este o grande enigma
Transformado num louco paradigma!
 

terça-feira, 9 de junho de 2009

3ª variação


O milagre de existires aqui
Como lenda, relicário, baptistério
O enigma da Arte, outro mistério
Mineral de cristal em que nasci...
 
A tal fome é o grande paradigma
Do juízo mui acre da negação
Da nossa e da sua perpetuação
Uma saga de cega dum só sigma!

Haver fome é este o grande enigma
Transformado num louco paradigma!

segunda-feira, 8 de junho de 2009

2ª variação


Não é da redenção da nossa cruz
Que versamos um tema até ao fim.
É da fome e da miséria, essas sim,
Que no céu nos reduz a própria luz!

Grande fome explorada pelo homem
condutor da miséria - a que resulta,
numa senda com a moral estulta
definhando famintos que não comem!

Haver fome é este o grande enigma
Transformado num louco paradigma!

domingo, 7 de junho de 2009

1ª variação


Esta fome, que grassa pelo mundo
Sem ninguém ver, é paradigma!
A visão, que não vê, é um enigma
Dum diabo com rosto vagabundo!

Avilta-me este mistério envolvente
o da perpetuação da fome - acinte
Sem a prova de luz do sonho lindo
como lenda à espera que acalente!
 

Haver fome é este o grande enigma
transformado num louco paradigma!

sábado, 6 de junho de 2009

O Paradigma Da Fome - Daniel Cristal


Quando entro nos bairros da pobreza
Quando vejo os corpos andrajosos
Uma boca esfomeada e sem mesa
Sem comer, e meninos já idosos.

Quando vejo tanta promiscuidade
Tanta vil amargura nesses rostos
Vejo o mundo sem a felicidade
Vejo a vida parida de desgostos!

Haver fome é este o grande enigma
Transformado num louco paradigma!

Há Uma Pítia Ciciando - Daniel Cristal


Há uma pítia ciciando: De vez em quando, recebo do fundo da terra sinais, que não são mais do que mensagens estranhas, pela originalidade, e verbalizo-as, recorrendo às alturas celestes e celestiais. Algumas chegam em surdina, um acorde ressonante de vozes sibilinas, outras um vozeirão que incomoda os tímpanos, e com dificuldade as interpreto e amacio. Se as que são agradáveis, são fáceis de verbalizar, e delas me faço fiel intérprete, as outras precisam de muito trabalho e suor para serem entendidas e aperfeiçoadas. São as primeiras, a parte mais bela da Poesia; essa que sujeita à perfídia e à aleivosia, vos deixo como testemunho. Todavia, quando vou ao ribeiro do Juncal, minha catedral, olho o açude que o retém diminuindo o volume da enxurrada, as águas, com a finalidade de me poder servir delas. Nessas ocasiões, interrogo o caudal; e, destarte, pergunto se me está destinada alguma tarefa especial para estancar o vozeirão, e o seu cachoar sugere, como se de uma pítia, se tratasse: o que está escrito, está, e nada o altera. Todo o ser tem um destino a cumprir. O teu pode não ser o mais fácil, pode até ser a amargura no mais profundo significado do sentimento contido, sujeita a todos os vilipêndios e traições, mas não hesites em cumprir a tua missão até ao fim. O meu caudal também ninguém o sustém ou pára. E nem tu, com a madriga consegues sustê-lo, pois o meu destino é o mar. Só o mar o acolhe; é ele o que absorve o meu destino, e o recebe na abundância; e, pela razão de que é grande, aceita toda a dor, e paga a dor com a tranquilidade final. Contudo, não esqueças, o mesmo mar agita-se de quando em vez com a má formação e a imperfeição da crosta terrestre, e castiga-a com maremotos, os quais vitimam indiscriminada, e aleatoriamente, os seus habitantes usufrutuários. E concluo, no fundo, tudo é precário com um destino implacável a cumprir, e tem de ser cumprido... Todos se cumprirão na morte e na transformação. Pois, de tudo isso, resulta que Deus está de fora e ao lado dessas vicissitudes. Ele está, isso sim, dentro de nós, se O soubermos fazer diariamente no Seu cumprimento mais puro.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Lua Imensa - Daniel Cristal


Quando a imensa lua cheia banha a terra
e segue o curso lento do destino,
beija o desgosto que ela a gosto encerra 
de com esta não ir como um felino

um tigre ou um leão pra protegê-la
segurá-la na mão como um menino
que fica radiante só de vê-la
mas pronto a amá-la em desatino

imagens duma selva tropical
as dum Amor que sobe até ao céu
e no chão deixa  a pena capital

pois sem cabeça tira-se o chapéu
e só é pitéu o beijo do desgosto
e o gosto de voar no pressuposto.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

A verdade é só uma! - Daniel Cristal


A verdade pura
crua e nua
é só uma!

E um verso com uma denúncia
é um sinal que se apruma
a voz que se desnuda
e nunca se emenda!
 
Pode o dinheiro ou o poder
pedir para ceder no verbo
ou no atributo
contudo um verso com uma denúncia
é só um contributo de renúncia...
Emenda não tem !
 
Ainda que seja só para agradar a alguém
o poeta não bajula nem se curva
nem se pisa nem se turva!
 
Um verso com uma denúncia, um verso são
um verso puro, nu e cru
nunca tem emenda, não!

A quem quiser calar o poeta da pureza virginal
o poeta que não aninha em temperos de pouco sal
nem teme a fortaleza dum umbral
antigo, poderoso, venerável por mais que seja...
Um umbral capaz de ferir os olhos pela sua grandeza
ou golpear fatalmente como diamante fulminante
bloquear a mente de toda a gente
ou mesmo fazer perecer o poeta num instante
no suposto momento periclitante em que definha
numa cruz animal
aquela instituída pela moral universal.
 
Ou ainda anular pretensamente o Poeta
que crucifica no verso (sendo este a sua meta)
a prepotência a as maldades desta Terra
com seu Universo.
A quem for sofrido pela loucura desta sina
e quiser calar a denúncia gerada numa vaga de fundo...
A força que não alinha nem no credo nem na doutrina...
Só lhe resta uma ciência cheia de demência
ou uma solução de louca premência:
Mutilar a mão
a mão que faz esta
ou outra sonhada
canção!
 
Sim, decepar a mão
ao ladrão esfomeado
como se faz nas Arábias das visionárias paixões
e dos fumos dos absintos!
 
Pois, não foi, também, Cristo que ditou castas razões
e por isso foi a sua voz crucificada
no meio de dois ladrões famintos?...
 
Todavia, a mão mutilada
a mão sem mais emenda
contém para sempre
uma força tremenda!

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Bom Dia - Daniel Cristal


Logo que rompe o dia, ouço 'Bom-dia'
no trino da canção do rouxinol,
e saúdo com um 'Viva' o arrebol,
pois hoje é mais um dia de alegria.

É mais um dia feliz: tenho o prazer
de saudar o vizinho, o amigo,
o colega da lide a quem me ligo
na boa senda de afectos, que vou ter...

Vou ler e escrever sem coacção 
o que me faz feliz; sendo o que aquece
a alma e o coração, como uma prece...

Prece esta original, a saudação
ao Deus deste milagre que dá vida
ao dia da maravilha usufruída.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Poesis - Daniel Cristal


Em tudo há enigmas, são do modo
e da idiossincrasia - parecem códigos
da mestria... não têm dia

São sortilégios aromas gostos e afectos
sensações de gestos e reminiscências
reflexões sínteses e ardências 

Há que entendê-los noite e dia
saber versar a trova e a elegia
a ode a canção o soneto e a bailia 

Só depois desfraldar a inovação
seja poesia livre seja a emoção
a emoção a fingir o coração 

É tão só a mestria da magia
a aprendizagem exercida da leitura
ou grifos bailando partitura 

Sons de piano sustendo a flauta
diapasão de sons auditivos visuais
signos e vozes gravados numa pauta 

Poesia assim faço
mundo cheio de sinais
atados num só laço!