BEM-VINDOS

Obrigado pela sua chegada; não se esqueça que é de AMOR AGAPIANO* que essencialmento poeto, também erótico quando a propósito de algumas circunstâncias episódicas nas mais diversas proporções. Como estou avança(n)do no tempo, não se escandalize, porque o que é preciso erradicar do Mundo é o preconceito secular, topo onde está preponderantemente a regressão da Humanidade neste percurso da condição humana, nem sempre adequada ao futurecer* do Homem, albergado corporalmente neste Planeta, sem saber com precisão, na generalidade, onde está a sua/nossa Alma. [ Obs. os astericos* assinalam dois neologismos da nossa Língua ].

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sexta-feira, 29 de julho de 2011

A Ampulheta do Tempo


Nesta plataforma propícia à meditação, onde me situo no estado actual,
verifico, com algum pesar e incómodo, que tenho andado algo arredado
do vosso convívio agradável, e dos amigos mais distantes no espaço
geofísico, coincidente por sinal com o mundo cibernáutico;
efectivamente, alguns estragos o tempo tem cometido no meu corpo,
próprios da idade e de alguns relativos excessos experimentados... mas
continuo por cá sorridente, apesar disso. Auto-limitado na acção por
decisão própria, receoso do desgaste temporal, cuidando dos arranjos
adequados aos órgãos vitais necessários, distanciado de projectos.
Apenas gozando o presente, quanto possível! Agradecendo a hora
escorrida em cada momento ao Arcanjo que resguarda e vela a mansidão
dos justos, na ambiência que nos cabe, graças também a vós. É, de
facto, um privilégio viver mais uma hora no interior do bojo do balão
fruindo do vosso saudável convívio...

É uma honra ser acolhido dia-após-dia nesta casa térrea onde
desfrutamos de carinhosa companhia; onde vemos crescer os nossos netos
passo-a-passo diferentes, mais soltos, mais afoitos, mais
surpreendentes, os filhos a tornarem-se adultos, fortes, eventualmente
com algumas cãs raiadas já na cabeleira, as filhas a tentarem agarrar
a felicidade possível, noras e genros a procurarem acertar com o
percurso que leva à plenitude do universo do amor.

Continuo, destarte, por cá sorridente e agradecido... não será por
muito tempo, certamente, no comum conceito de esvaziamento da
ampulheta. Quantos anos de poeira se mete dentro da ampulheta duma
existência? Cinquenta, setenta, noventa? Ninguém sabe quanto pó nos
está destinado, ou quanta energia e quanto tempo foram programados por
força da Natureza, na edificação do nosso élan-vital. Porém, não
esqueçamos, para favorecimento da nossa saúde e equilíbrio mental, que
é só pó, eventualmente brilhante e cintilante, ou areia; pouca
diferença faz, pó ou areia. Se for pó, ele avisa-nos todos os dias do
que nos espera na reversão. Se for areia pode levar-nos a acreditar
que ainda nos resta alguma ilusão da eternidade. Por curiosidade, nem
sabemos muito bem como se processa o milagre do estado contínuo.

Para viver mais uma hora, a partir da meia-idade, é preciso ter
renunciado anteriormente ao exercício de vícios e à prática de
excessos; esses que dão muito prazer sensorial, mas matam ou reduzem a
longevidade. É preciso resistir às drogas, ao tabagismo, aos excessos
de álcool e da comida, ao desregramento nos hábitos naturais e
salutares. São horas que farão falta à vida vivenciada com o prazer de
se estar vivo na plenitude do convívio humano saudável, horas
escorridas pelo orifício da ampulheta, que amaciam a alma com a
brandura da consciência de todos os objectivos cumpridos, todas as
obrigações satisfeitas, todos os deveres resgatados.

É um privilégio estar onde estamos, a ocupar o espaço que nos foi e
está destinado por forças  muito poderosas, sobrenaturais, quase
obscuras; há-de existir algum sentido para que cada um cumpra o seu
destino, algumas vezes num âmbito colectivo, outras individual. Somos
pertença de quem nos fez à semelhança de um deus original que tanto
vive quanto morre, para que tudo continue multiplicado numa ou noutra
parte do Universo, nesta forma e matéria, ou noutra possível, virtual,
casualmente, para nós, até desconhecida.