Que carpinteiro exímio era esse homem são!
Que perfeição saía da sua mão!
Oh, meu tio, querido em toda a região,
Que belo som saía do seu acordeão!
Era um acordeão feito pela sua mão
- Pois era carpinteiro dos perfeitos -
E as notas que tocava com paixão
Colhia a magia dos bem feitos...
Que saudade me inspira o carpinteiro!
Com que confiança encheu este meu peito,
Que alquimia me deu nesse madeiro,
Que minha mão está presa à dele pelo jeito!
Presa sim, assim como à do ferreiro
De Pintim, torreão escondido
Num vale ribeirinho, faceiro, e obreiro
De lendas que me ficaram no ouvido.
O ferreiro era o meu avô Caetano
Que na bigorna fazia coisas espantosas
- Torcia e retorcia o ferro como arcano
E tinha a fama das pessoas milagrosas!
Da sua mão saíram foices e gadanhas,
Âncoras, quilhas, navalhas e espadas,
E quando as recebia gastas das façanhas,
Decorava nelas estórias sempre amadas.
E versejava alegre ilustres feitos
Cantava cantigas belas, deslumbrantes!
E o meu tio como mestre dos perfeitos
No harmónio as tangia radiantes!
Que sorte a minha - ter avô e tio
Como mestres de eleição de toda a lida!
E assim e aqui vou versando em corrupio
Seus feitos e glórias nesta vida...
Sem comentários:
Enviar um comentário