BEM-VINDOS

Obrigado pela sua chegada; não se esqueça que é de AMOR AGAPIANO* que essencialmento poeto, também erótico quando a propósito de algumas circunstâncias episódicas nas mais diversas proporções. Como estou avança(n)do no tempo, não se escandalize, porque o que é preciso erradicar do Mundo é o preconceito secular, topo onde está preponderantemente a regressão da Humanidade neste percurso da condição humana, nem sempre adequada ao futurecer* do Homem, albergado corporalmente neste Planeta, sem saber com precisão, na generalidade, onde está a sua/nossa Alma. [ Obs. os astericos* assinalam dois neologismos da nossa Língua ].

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segunda-feira, 15 de junho de 2009

Feliz - Daniel Cristal


Antigamente fui poeta livresco
Escrevia com caneta especial...
Chegou a ser dourada! Sujava dedos
E bolsos do casaco. Liam-me mal!
 
Mas, quando apareceu o computador
Com um écran mágico e altifalantes
Facilmente aderi ao seu esplendor
Por belos desenhos, música e cor!

De passivo a activo renasci,
Converti-me em actual leitor do Mundo,
Transmissor de textos meus, também de ti,
Capaz de ver o Universo num segundo.

Feliz sou por viver quando amanhece,
Toda a Net me conhece e reconhece!

domingo, 14 de junho de 2009

Bom dia em cada ano - Daniel Cristal

 
Pequenos gestos fazem uma vida
um sorriso de boa vizinhança
um afago no velho ou na criança
que o trauma do azar deixa ferida
 
nem que seja o odor duma flor
a alegria do rosto deslumbrado
a palavra elegante que extravasa
a cor do teu olhar e o seu valor
 
São os pequenos gestos que cativam
e mostram o teu âmago humano
e te melhoram de ano para ano
 
São gestos pequenos que te içam
hoje agora e sempre à simbiose
que em mim te deseja nesta pose.
 

sexta-feira, 12 de junho de 2009

6ª variação


Só serei totalmente homem feliz
Homem digno, completo cidadão,
Quando a fome deixar de existir
E deixar de haver má formação...
 
É paradigma da Arte, é sua essência:
Haver pão e este ser suficiente.
Haver fome é enigma do presente
Em contraste com tanta opulência!
 
Haver fome é este o grande enigma
Transformado num louco paradigma!

quinta-feira, 11 de junho de 2009

5ª variação


É dito semiesco, actual:
Não há pão suficiente em muita mesa!
Mau efeito do sentido da presa
E por isso é qu' o mundo corre mal!

É mistério, é, mas se assim é,
Arranjemos algum pó milagroso
Que nos dignifique, que seja engenhoso,
Ou seja qualquer milagre pela fé!
 
Haver fome é este o grande enigma
Transformado num louco paradigma!

quarta-feira, 10 de junho de 2009

4ª variação


Esbanja outros contos onde abundo,
Por exemplo a crónica d' haver fome
Em toda a parte, só porque não se come!
Mas qu' engano na essência deste mundo!
 
E não paro, ó minha geneadeusa,
de apontar na mesma direcção:
a nossa e a sua perpetuação
que mata, esfarrapa e nos endeusa!

Haver fome é este o grande enigma
Transformado num louco paradigma!
 

terça-feira, 9 de junho de 2009

3ª variação


O milagre de existires aqui
Como lenda, relicário, baptistério
O enigma da Arte, outro mistério
Mineral de cristal em que nasci...
 
A tal fome é o grande paradigma
Do juízo mui acre da negação
Da nossa e da sua perpetuação
Uma saga de cega dum só sigma!

Haver fome é este o grande enigma
Transformado num louco paradigma!

segunda-feira, 8 de junho de 2009

2ª variação


Não é da redenção da nossa cruz
Que versamos um tema até ao fim.
É da fome e da miséria, essas sim,
Que no céu nos reduz a própria luz!

Grande fome explorada pelo homem
condutor da miséria - a que resulta,
numa senda com a moral estulta
definhando famintos que não comem!

Haver fome é este o grande enigma
Transformado num louco paradigma!

domingo, 7 de junho de 2009

1ª variação


Esta fome, que grassa pelo mundo
Sem ninguém ver, é paradigma!
A visão, que não vê, é um enigma
Dum diabo com rosto vagabundo!

Avilta-me este mistério envolvente
o da perpetuação da fome - acinte
Sem a prova de luz do sonho lindo
como lenda à espera que acalente!
 

Haver fome é este o grande enigma
transformado num louco paradigma!

sábado, 6 de junho de 2009

O Paradigma Da Fome - Daniel Cristal


Quando entro nos bairros da pobreza
Quando vejo os corpos andrajosos
Uma boca esfomeada e sem mesa
Sem comer, e meninos já idosos.

Quando vejo tanta promiscuidade
Tanta vil amargura nesses rostos
Vejo o mundo sem a felicidade
Vejo a vida parida de desgostos!

Haver fome é este o grande enigma
Transformado num louco paradigma!

Há Uma Pítia Ciciando - Daniel Cristal


Há uma pítia ciciando: De vez em quando, recebo do fundo da terra sinais, que não são mais do que mensagens estranhas, pela originalidade, e verbalizo-as, recorrendo às alturas celestes e celestiais. Algumas chegam em surdina, um acorde ressonante de vozes sibilinas, outras um vozeirão que incomoda os tímpanos, e com dificuldade as interpreto e amacio. Se as que são agradáveis, são fáceis de verbalizar, e delas me faço fiel intérprete, as outras precisam de muito trabalho e suor para serem entendidas e aperfeiçoadas. São as primeiras, a parte mais bela da Poesia; essa que sujeita à perfídia e à aleivosia, vos deixo como testemunho. Todavia, quando vou ao ribeiro do Juncal, minha catedral, olho o açude que o retém diminuindo o volume da enxurrada, as águas, com a finalidade de me poder servir delas. Nessas ocasiões, interrogo o caudal; e, destarte, pergunto se me está destinada alguma tarefa especial para estancar o vozeirão, e o seu cachoar sugere, como se de uma pítia, se tratasse: o que está escrito, está, e nada o altera. Todo o ser tem um destino a cumprir. O teu pode não ser o mais fácil, pode até ser a amargura no mais profundo significado do sentimento contido, sujeita a todos os vilipêndios e traições, mas não hesites em cumprir a tua missão até ao fim. O meu caudal também ninguém o sustém ou pára. E nem tu, com a madriga consegues sustê-lo, pois o meu destino é o mar. Só o mar o acolhe; é ele o que absorve o meu destino, e o recebe na abundância; e, pela razão de que é grande, aceita toda a dor, e paga a dor com a tranquilidade final. Contudo, não esqueças, o mesmo mar agita-se de quando em vez com a má formação e a imperfeição da crosta terrestre, e castiga-a com maremotos, os quais vitimam indiscriminada, e aleatoriamente, os seus habitantes usufrutuários. E concluo, no fundo, tudo é precário com um destino implacável a cumprir, e tem de ser cumprido... Todos se cumprirão na morte e na transformação. Pois, de tudo isso, resulta que Deus está de fora e ao lado dessas vicissitudes. Ele está, isso sim, dentro de nós, se O soubermos fazer diariamente no Seu cumprimento mais puro.