BEM-VINDOS

Obrigado pela sua chegada; não se esqueça que é de AMOR AGAPIANO* que essencialmento poeto, também erótico quando a propósito de algumas circunstâncias episódicas nas mais diversas proporções. Como estou avança(n)do no tempo, não se escandalize, porque o que é preciso erradicar do Mundo é o preconceito secular, topo onde está preponderantemente a regressão da Humanidade neste percurso da condição humana, nem sempre adequada ao futurecer* do Homem, albergado corporalmente neste Planeta, sem saber com precisão, na generalidade, onde está a sua/nossa Alma. [ Obs. os astericos* assinalam dois neologismos da nossa Língua ].

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domingo, 3 de maio de 2009

Porque o Amor - Daniel Cristal


Porque o amor é mais forte que a morte 
Porque a vida é menos forte que o amor, 
Tenho-te nos braços, ó diva nobre, 
Dos ombros à nádega que a mão cobre. 

Que a outra cubra teu pescoço ténue 
Tua nuca macia jamais coberta... 
Cinjo-te o signo, a palavra ingénua, 
Mordendo os lábios da tua boca aberta.

Fundindo o que funde no calor da brasa, 
Unindo o que une em qualquer casa:
A vida e o fogo jamais extintos 
Porque os nossos estavam famintos 

sábado, 2 de maio de 2009

Dom de graça - Daniel Cristal


Agora que venci muitas etapas
muitas mortes que outros não venceram,
mais novos do que eu, e foram capas
de revista e jornais que alguns leram;

Agora que usufruo da vida toda
milagre e maravilha alternados,
também receio a água duma boda
que traga a salada envenenada

Mas, assim é a partilha deste mundo:
tudo se pode esperar em consciência
no proveito vivido ao segundo.

Vive com mais afinco a ambiência,
ama mais a pessoa e a empatia,
e agradece a Deus por mais um dia.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

A Tela do Sonho - Daniel Cristal


Ao bordar a Arte, tanto pode sair
da agulha uma flor, como uma ave,
um cavalo afoito, ou o elixir
que transforma uma arca numa nave.

Em ponto cruz, unida a cor querida,
a figura renasce na sua forma
evoluída, e fica cheia de vida...
Até a emoção, se lhe transforma!

A pétala da flor parece até
um coração de amor, e o cavalo,
um Pégaso a voar para o céu.

Mas a tela do sonho não se cala:
pede ainda que o poeta seja um mago
e borde em cada estrela um afago.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Nesta Visão - Daniel Cristal

 
Vai carregada a nau mas não hesita
a onda chega à borda do convés
e perde-se a seus pés com as marés
Ela vai carregada bem catita
 
Perece afundada a embarcação
mas fica imponente no horizonte
vai cheia vai pesada e é uma ponte
que liga o mar ao céu nesta visão
 
Desliza devagar tal é seu peso
evita naufragar a todo o preço
pois leva um tesouro bem galante
 
Em vez de ouro prata ou diamante
leva honra abençoada e bondade
e tudo o que faz falta à humanidade.
 

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Geometria relacional - Daniel Cristal


Traz o teu coração feliz
e o teu rosto iluminado
vem aqui para o meu lado
traça a nova bissectriz
 
Uma linha equidistante
que aproxime o nosso amor
traça-a com novo fulgor
a voz que a todos encante
 
Une todos os catetos
dá-lhe a forma de uma estrela
que ninguém deixe de vê-la
 
e anula os ângulos rectos
apaga a hipotenusa
luz então ó minha musa!

terça-feira, 28 de abril de 2009

Aparição - Daniel Cristal


Emergiste bela musa do salgado mar,
amazona de outrora recordando o trilho
do Sol-rei reflectido e a espelhar
esses longos cabelos de sedoso brilho!

Tremia em ti a pele nas gotas de sal
teu rosto e ombros poliam cristais
teus seios luziam de creme animal
e tuas coxas coloriam rosados vitrais.

Na minha direcção, vinhas... Estava morno...
teus pés olhei melhor... não eram de sereia!
No meio das dunas rodeado de estorno,
aguardei-te deitado em cima da areia.

A ostentação tua era a minha sedução
e ao pisares areia, teus seios descompassavam
os ritmos certos do meu coração!

Já muito perto de mim, sorri por não seres ninfa...
tinhas poros húmidos que fremiam
o fervente vértice da linfa...

Cantámos então árias na comum ondulação...
Eu era o náufrago das dunas solitárias
e tu a jangada da nossa salvação...

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Transformação - Daniel Cristal


Fui apurando com o tempo os meus sentidos,
Buscando na raiz da terra alguns mistérios:
O meu rosto específico dos anos idos,
Revolvendo a forma dos godos-celtiberos.
 
E fui sumariando os frutos do saber:
Aqui uma laranja doce que amargava,
Ali um limão amargo por espremer,
Mais doce do que alguma vez se imaginava!
 
E concluí deste modo: o que hoje nos atrai
Amanhã nos afasta com uma palavra
Mal medida ou a atitude que tudo esvai...
 
E razões para quê? Se buscamos em vão
O mundo que ontem foi cinza, e hoje é lava,
E amanhã será gelo em transformação.

domingo, 26 de abril de 2009

O Ímpeto - Daniel Cristal


Breve e longo, comprido e curto,
nas línguas que à distância são o surto
do tempo que se expande até ao céu,
E ao sonho na renda do teu véu.
 
É bem longo o caminho das estrelas,
tão longo que me perco só em vê-las!
Mas tão curto é na luz da tua lua cheia
que invertebrado fico em sua teia!
 
Nunca foi revelado este enigma
Da contradição sábia, em que te beijo
No molde duma chama toda ígnea...
 
É o enigma depois  dum arrebate:
O tempo incontado em que te deixo
No beijo em que me dou, e nos abate.

sábado, 25 de abril de 2009

Liberdade - Daniel Cristal


Na empatia, acompanha-me, amigo,
acompanha-me na hora da incerteza!
Muito pouco construí do que persigo
ainda que com recurso à Beleza.
 
Dá-me a tua mão, segura na bandeira
que mostra a liberdade com vaidade,
luta pela palavra à minha beira,
transformando este mito em divindade.
 
Ser livre sem Justiça é opressão,
é igual à aparente irmandade,
na realidade igual à falsidade.
 
Na hora da incerteza, dá-me a mão,
ergamos mais um pouco o estandarte,
pois onde está, não passa de sonhar-te.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

A Nau Da Esperança - Daniel Cristal

 
Não a amedrontem nem tão pouco a estorvem
porque ela vai segura e decidida
a ancorar no cais de toda a vida
(mau grado os cães que latem mas não mordem)
 
Ela vai linda a nau da esperança
traz as virtudes que enchem a existência
de bênçãos, de alegria e da ciência
que transforma a ansiedade numa dança
 
Traz a sabedoria catapultada
a urgente mudança do presente
da meninice até à adulta idade
 
Transborda de amor alegremente
Ela ancora agora neste mundo
e o seu porão de luz jamais tem fundo.