Um cálice de vinho celebra a vida
E trapaça a morte pela embriaguez!
Somos dois num só nessa taça erguida
E se juntarmos Baco então somos três.
Bebendo mais um cálice somos tetra:
eu, tu e o vinho, talvez mais o Baco;
o terceiro aquece e o quarto não peca!
Pra ti fica sempre o melhor naco...
Com um cálice de vinho não há morte
porque aqui Belzebu perde a frescura
- teu odor de mosto é o que me calha em sorte
e junta meu néctar à tua candura.
Ofereces-me o leito, a espuma e a lua
na dança que seguimos da concertina;
a noite é felina, e tu estás nua,
e é fina a canção que nos ilumina...
Mais vinho no cálice faz arder a alma;
despe já as parras que estorvam a palma
- Não pares, amor, chupa o mel da colmeia
até que o sangue sorva a Lua cheia...
Com mais vinho no copo ficas ígnea
e haverá mais tesão e frenesim;
é mel lambido na boca benigna
na forma de bolinho, creme ou pudim...
Ai, amor, que tens a boca sem manhas
que exalas o aroma mais fresco do mundo
e me dás as entranhas e as artimanhas
o esplendor da trapaça é gozo rotundo!
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