Vive Inês com seu amor
Entre jardins de ternura…
De todas as cores, a cor
Que maravilha a ventura!
Linda Inês posta em sossego
Numa margem do Mondego!
Mas mais forte que o amor
São as razões deste Estado!
Temendo novo valor
A perigar nosso agrado…
Em causa a hierarquia
Noite posta em cada dia!
Inquieto está o Rei
Seus vassalos e seu povo…
Razões de Estado, que sei?
Este caso não é novo!
E no Mondego espelhada
A sentença lhe foi dada!
Algozes chegam armados
Num tropel de guerra aberta,
trazem elmos bronzeados
Assassinos pela certa!
Cuidado Inês vais morrer,
Mais vale do que sofrer!
Face àqueles carniceiros
Diz Inês "Não tendes pena?
Meu amor é dos primeiros
No palco da melhor cena!"
Recusa qualquer degredo,
Não trairá o seu Pedro!
"Como podeis, gente bruta,
abeirar-vos de opróbrio
contra este amor que exulta,
porque tendes tanto ódio?
Doidos carrascos, só tendes
vis corações de duendes!
"Inês, Inês, é a hora
de volver à tua Espanha,
vai-te daqui para fora,
foge da nossa sanha!"
Contesta assim um carrasco,
O chefe de tanto asco!
Morre Inês e deixa órfãos!
Vive Pedro na revolta!
Empedram-se-lhe os órgãos!
As mágoas são sua escolta!
Aguarda que morra o Rei
Para impor a sua lei…
Ditou Pedro lei severa:
Quem a matou era cão!
E com sua mão de fera
Arrancou-lhe o coração!
O Mondego de contente
Vitoriou toda a gente!
Nunca houve neste mundo
Amor tão forte e fiel,
Amor-contraste no fundo
Da raiva cheia de fel!
Uva madura na vinha,
Viu-se Inês feita Rainha!
Inês, Inês foi Rainha
Neste Reino Lusitano!
Era o amor que continha
A sina do desengano!
Pedro foi o vingador,
Mondego o rio de amor!
1 comentário:
Tua expressão é maravilhosa, amigo poeta !!! Meu carinho.
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