Se estiveres cansado do mesmo som,
Repete até doer a amargura,
Porque a dor tudo cura; ela é o dom
Que transforma o que é fraco em doçura.
Se tudo for recomeço do que é velho,
Repete este acto à exaustão, e até doer;
Alguma coisa há-de acontecer
Até que tudo seja amarelo.
Só a essência não muda, e ela é muda.
E se o mundo já não te surpreende,
Surpreende tu o mundo pela senda
Da palavra feliz que o transmuda.
Sabor a amargo-doce, menos sonho.
Cumpre-te ser humano até ao fim;
Cumpre-te cumprir tudo no enfadonho
Ou transformar tudo em carmesim.
No fim, ficará a tua humanidade
Que em algum coração foi despertada;
Tudo cumprido na precariedade...
Vida e morte, no fim, são tudo e nada.
Sem comentários:
Enviar um comentário