BEM-VINDOS

Obrigado pela sua chegada; não se esqueça que é de AMOR AGAPIANO* que essencialmento poeto, também erótico quando a propósito de algumas circunstâncias episódicas nas mais diversas proporções. Como estou avança(n)do no tempo, não se escandalize, porque o que é preciso erradicar do Mundo é o preconceito secular, topo onde está preponderantemente a regressão da Humanidade neste percurso da condição humana, nem sempre adequada ao futurecer* do Homem, albergado corporalmente neste Planeta, sem saber com precisão, na generalidade, onde está a sua/nossa Alma. [ Obs. os astericos* assinalam dois neologismos da nossa Língua ].

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quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Contacto..


Prometi o contacto e fiquei à espera duma resposta. O contacto é feito, e decorre normalmente, a resposta é que é mais complicada. O diálogo é custoso porque há residualmente receio de decepcionar e o que é mais complexo é começar a convivência nesta circunstância, na sujeição a alguns condicionalismos. De facto, não há a intenção de fazer deste blogue um diário, pois o objectivo não é esse, mas dar a conhecer poesia com padrões de estesia, mais ou menos elaborada, em moldes diversos, sem fundamentalismos. Os meus pares são também consequentemente bem-vindos a nele serem integrados, se acharem por bem ou tenham interesse nisso. É possível até que se constitua neste percurso, mais cedo ou mais tarde, uma equipa de redactores e estetas que se lhe ajuste, e partilhem a sua feitura ou o recheiem com produções suas; provavelmente uma exploração de temáticas com interesse para a estética literária hodierna. Contudo, fundamentalmente, nesta altura, torna-se importante o diálogo ou as manifestações neste blogue expressas ou até mesmo em privado.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Reencarnação - Daniel Cristal


Preciso de outro corpo que sustenha
o brilho da firmeza, tida outrora,
e que guarde esta alma com a senha
duma senda vivida nesta hora...
 
Preciso de emigrar, de transumância,
de nova encarnação num outro corpo,
porque este já não firma a elegância,
e a um fácil desafio cai de borco.
 
Preciso de dizer um obrigado
a todo o amigo-companheiro,
e despedir-me assim do ser amado...
 
Irei voltar na forma de um obreiro
que continua a obra inacabada,
recordando a senha decorada.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Seja Utopia ! - Daniel Cristal


Seja esta a utopia: um rei cristão 
à porta do Islão - um Preste João 
procurado por Pêro Covilhã 
- missão da emoção que não foi vã...
 
Porque na realidade foi o mote 
da intrépida gente que abriu 
a porta do Oriente por mar e bote 
configurando a foz de cada rio.
 
Regresse ao futuro o português 
cantado por Camões na epopeia 
vencida a abantesma desta vez!
 
E que volte o orgulho nesta veia 
soprando a fama e a Língua de Pessoa 
da Etiópia utópica a Lisboa.


domingo, 7 de dezembro de 2008

Ritualizado Não ! - Daniel Cristal


Brincamos nesta vida à cabra-cega
com fantasmas da mesma pantomina;
pois brinquemos então perante a morte,
foice que sega a sina fraca ou forte!

É nisto que vertemos a existência:
um riso assustado na incerteza,
a farsa do assobio na angústia,
a essência da destreza nessa acústica.

Ritualizado, não! Desde criança
que invento a palavra até ao fim;
danço com ela e brinco num festim...

E por aí vou tal cúmplice da pândega
na subversão do acto normativo;
pretiro o pão pela alma no ser vivo!

sábado, 6 de dezembro de 2008

O Néctar - Daniel Cristal


Lembro-me que havia vento, e a cortina
movia-se como folha de videira;
era asa de seda à nossa beira
e eu co' a tua imagem na retina...

E também havia o som que encanta a dança;
abraçado ao amor, o nosso passo
dançava o acorde desse laço
que ata o coração e o amansa.
 
E foi assim p'ra toda a eternidade:
o vento a afagar o cair da parra,
a asa a transpor o cais da nossa barra
e a retina a amar-te a identidade...

E mais ainda: foi o néctar desse mosto
que embriagou a vida ao nosso gosto.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

A Sós - Celia Lamounier de Araújo


O Blogue está aberto a contribuições; esta aqui inserta foi-me enviada há pouco manifestamente para este efeito pela Poetisa brasileira Célia Lamounier de Araújo, companheira deste espaço virtual desde 2000, parceira de alguns momentos de feliz convivência especialmente no Grupo Ateneu. Foi também uma adjuvante honrosa e prestigiante noutras ocasiões em que alguma polémica pela Internet se gerou, sentindo-me eu muito grato pelo seu apoio e lealdade. (DC)

(no meu livro: Entardecer de Lágrimas - 1978)
 
De novo a sós,
Sentindo frio
Olhando a solidão
Que se faz ao redor,
Pensando... em nós.
 
De novo em nós,
Vivendo na incerteza
De um triste adeus,
O desejo de voltar,
Pensando... juntos...
                 A sós!
 
"Pelicano do amor, dilacerei meu peito
e com meu próprio sangue os meus filhos aleito;
meus filhos: o desejo, a quimera, a esperança."
                             Machado de Assis 
 
 
http://www.celialamounier.net/
 

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Consórcio - Daniel Cristal


Por testemunha, o Deus dos meus enigmas... 
por abóbada azul, o céu marinho e alegre, 
e, por tecto, a frondosa árvore da vida, 
trazida das paisagens de cor luxuriante; 
nas janelas, cristais vindos do arco-íris. 

Por envolvência criou a Virgem, uma lira... 
Nosso consórcio foi assim: Vinhas vestida 
com sedas brancas, rendas níveas com relevos, 
e eu trazia fraque, lã de caxemira 
ao altar do universo, no meio de efebos. 

Futurecia o sonho todo realizado... 
Tudo foi tão virtual, que foi real no prodígio 
do tapete estendido aos nossos pés, trazido 
de Carrara... o mármore mais esbelto e límpido, 
que servirá um dia de porte à nossa esfinge. 

Às vezes há um mito novo supradito... 
Foi tudo tão virtual, que a pedra deu lugar 
à nossa plateia real, olhos turquesa e lua 
trouxeram alegria e amor ao nosso lar, 
e quando isto acabar, Beleza será tua.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Há dias - Daniel Cristal


Há dias em que o mundo anda às avessas, 
Dias e dias fragmentados, dias aziagos, 
Dias onde não há magos nas travessas, 
Dias em que o oceano invade os lagos. 

Há dias muito tristes, solitários, 
E eu que os não revelo, também sofro 
Do Mal que vai grassando em lados vários 
E o ar parece encher-se de enxofre. 

Há dia que valia bem não ter nascido, 
Dia em que os sepultados nos perseguem, 
Dia para esquecer ou ter morrido. 

E é neste fado triste que lamento 
Mais este dia perdido! Oh, entreguem 
O vosso sentimento à voz do vento!

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Mudança Veloz - Daniel Cristal

  
O ritmo da mudança é veloz, 
mais veloz, nesta era, do que dantes, 
e há sinais de esperança nessa voz 
que não acolhe anões, mas sim gigantes. 
  
Não cito os gigantes corporais, 
mas gente com a alma muito bela, 
pronta a dar ternura por demais 
e capaz de ajudar a quem apela... 
  
A quem apela, a quem muito precisa 
duma ajuda premente no acidente 
que por azar turvou a sua vida. 
  
Cito, e volto a citar, a boa gente 
que dá neste momento a sua mão 
e faz do ser carente o seu irmão.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Um pouco mais - Daniel Cristal


Um pouco mais de asa, seria ave, 
um pouco mais de vento, ventania; 
estou sempre aquém da melodia 
com o tom que abre a pauta nesta clave. 

Um pouco mais de asa em movimento 
e seria uma ave ou astronave, 
capaz de implantar o amor suave, 
seja onde for e em qualquer momento. 

Entrementes, fico sem o argumento 
de tudo ser possível ao relento 
dum dia que decorra muito lento... 

Só mais um pouco de asa ou de vento, 
e eu teria o Sol na minha mão 
e a Chuva p'ra germinar o coração.