A chacota da velhice é um aleijão anímico que continua a desmerecer a civilização ocidental. Primeiro, porque fazer chacota é merecê-la quem a faz, considerando que é espelho de azedume e vileza. Seguidamente, ela enraíza-se em parcelas arquetípicas de educação e formação insalutares, ainda activas, muito embora questionadas por espíritos atentos e esclarecidos. Em função da conservadora visão apolínea ou venusta, a criança deficiente ou o velho decrépito, deveriam ser eliminados. Esparta assassinava os velhos e crianças, porque não serviam para a guerra. Esta faceta psicológica prevaleceu na cultura ocidental, diferenciada da cultura hindu ou budista. Efectiva e distintamente, nesta, a velhice é um posto superior na escala da hierarquia do saber e da harmonia universal. Estando nós no estádio de uma cultura a globalizar-se com os contributos de outras, haverá hoje mais razão do que nunca para uma aprendizagem que confronte filosofias e religiões, e se democratizem as premissas desajustadas duma concepção de vida colectiva imperfeita, contudo evolutiva.
Há pessoas que nunca pensaram na imperfeição moral em que vivem. Mas alertadas, muito ajudam depois à reconstrução da sabedoria à escala global.